Em linhas gerais, o curador de jarê inicia a sua carreira quando, ainda jovem, começa a apresentar alterações comportamentais tidas como sintomas de loucura, episódios de doença, sentimentos de solidão e isolamento, perda súbita da consciência e memória, perda do controle emocional, nervosismo, etc. Esses “sinais” são vistos como formas de interferência dos guias. Aceitar tal destino é condição necessária para que o indivíduo (curador em potencial) venha a solucionar seus próprios problemas. Recusar, por sua vez, implica no prolongamento da aflição. Quando resolve assumir o papel de curador, o indivíduo submete-se a uma cerimônia de cura (trabalho) na qual seu pai-de-santo faz uma limpeza em seu corpo e assenta seus guias, conferindo-lhe autoridade para exercer a função de curador de Jarê. As principais atividades realizadas em um terreiro de Jarê são as revistas e o trabalho. As primeiras consistem em consultas particulares nas quais, sendo possuído pelo seu caboclo, o curador desvenda a natureza e a causas do problema vivido pelo seu cliente e prescreve o curso de tratamento necessário. O trabalho, por sua vez, é um ritual de cura, aberto a todos aqueles que queiram presenciar o evento. O ritual público é realizado à noite e, invariavelmente, procede até o amanhecer do dia seguinte.